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“Uso excessivo de telas” e o fenômeno do brain rot: impactos das redes sociais no desenvolvimento cognitivo dos jovens

Atualizado: 13 de out.


uso excessivo de telas

Nos últimos anos, pais, educadores e profissionais da saúde têm se deparado com uma preocupação crescente: o efeito do uso excessivo de telas sobre a mente dos jovens. Entre os termos que ganharam força, especialmente nas redes sociais, está o chamado brain rot — uma expressão popular para descrever os efeitos negativos do consumo constante de conteúdos rápidos, fragmentados e repetitivos.

Esse tipo de hábito não afeta apenas o tempo que adolescentes passam diante de celulares e computadores, mas também pode influenciar profundamente processos cognitivos essenciais, como a atenção, a memória de trabalho e a capacidade de pensamento crítico. Ao mesmo tempo, a ciência alerta que nem todo uso digital é prejudicial; muito depende de como, quanto e para quê essas tecnologias são utilizadas.

A seguir, exploramos como esse fenômeno é entendido hoje, os mecanismos envolvidos, as evidências científicas disponíveis e, sobretudo, as estratégias práticas para lidar com o desafio.


O que é o “brain rot” e por que ele preocupa

O termo brain rot não nasceu na academia, mas sim no vocabulário da internet. Ele descreve a sensação de “mente apodrecida” após longas horas rolando vídeos curtos em plataformas como TikTok, YouTube Shorts e Instagram Reels. Ainda que a expressão tenha caráter coloquial, ela traduz de forma bastante precisa uma inquietação real: a de que o uso excessivo de telas associado a conteúdos ultrarrápidos pode estar afetando a forma como jovens pensam e aprendem.

Pesquisadores brasileiros e internacionais têm ressaltado que a adolescência é uma fase de alta plasticidade cerebral, em que o córtex pré-frontal — responsável pelo planejamento, pelo controle da atenção e pela tomada de decisões — ainda está em desenvolvimento. Isso torna os adolescentes mais suscetíveis a hábitos que reforçam a busca por gratificação imediata e reduzem a tolerância ao tédio, criando um terreno fértil para os efeitos descritos pelo “brain rot”.


Desenvolvimento cognitivo na adolescência: uma fase de vulnerabilidade

A adolescência é marcada por um processo intenso de reorganização cerebral. Áreas relacionadas ao controle inibitório e à autorregulação amadurecem mais tarde que as estruturas ligadas à emoção e à recompensa. Isso significa que os jovens tendem a buscar estímulos intensos sem, necessariamente, terem ainda todos os recursos cognitivos para regular esse impulso.

Quando se soma a isso o uso excessivo de telas, especialmente com conteúdos fragmentados, há risco de uma sobrecarga do sistema de recompensa e um enfraquecimento da atenção sustentada. Em outras palavras: o cérebro aprende a se satisfazer apenas com estímulos rápidos, e atividades que exigem paciência e concentração — como leitura, estudo ou conversas mais profundas — passam a parecer menos atrativas.


Como os conteúdos rápidos afetam a atenção e o raciocínio

O mecanismo mais evidente é o da fragmentação da atenção. Cada vídeo curto apresenta uma novidade, acompanhado de música, cores, legendas e cortes rápidos. Isso condiciona o cérebro a esperar constantemente novos estímulos, reduzindo a capacidade de manter o foco em tarefas mais longas.

Além disso, notificações constantes e a possibilidade de multitarefa digital reforçam esse padrão. Jovens passam a alternar de uma atividade para outra sem concluir nenhuma plenamente, o que pode prejudicar tanto o aprendizado quanto a consolidação da memória. Estudos de psicologia cognitiva mostram que a multitarefa digital não apenas reduz a eficiência, mas também aumenta a sensação de fadiga mental.


Evidências científicas: o que já sabemos

Grandes pesquisas internacionais, como o ABCD Study nos Estados Unidos, têm identificado associações entre uso excessivo de telas e diferenças estruturais no cérebro de crianças e adolescentes. Alguns achados apontam para afinamento cortical em regiões relacionadas à atenção e à regulação emocional.

No entanto, a própria comunidade científica alerta: associação não é o mesmo que causalidade. Muitos desses resultados precisam ser interpretados com cautela, já que fatores como contexto familiar, qualidade do sono e saúde mental prévia também influenciam.

No Brasil, estudos de revisão sobre desenvolvimento infantil e telas confirmam essa preocupação, destacando impactos em áreas como atenção, linguagem e regulação emocional. Embora ainda faltem pesquisas longitudinais em larga escala no país, o debate acadêmico e clínico já reconhece que o uso excessivo de telas pode contribuir para padrões de distração e dificuldades de aprendizagem.


Contrapontos: nem todo uso é negativo

É importante frisar que o digital também pode oferecer benefícios. Jogos de ação, por exemplo, têm sido associados a melhorias em atenção visual e tomada de decisão rápida. Plataformas educacionais podem ampliar o acesso ao conhecimento e estimular habilidades cognitivas específicas.

No Brasil, há trabalhos que analisam como as redes sociais podem ser utilizadas como espaços de aprendizagem e interação criativa, reforçando que o problema não é a tecnologia em si, mas os padrões de uso. Isso significa que uma abordagem equilibrada — com foco no conteúdo e no contexto — é mais realista do que a ideia de “demonizar” as telas.


Para quem o risco é maior

Nem todos os jovens são igualmente vulneráveis. Os efeitos do uso excessivo de telas tendem a ser mais intensos em adolescentes que:

  • Dormem pouco ou têm rotinas desreguladas.

  • Já apresentam sintomas de ansiedade, depressão ou déficit de atenção.

  • Têm pouco suporte familiar ou baixo acesso a atividades alternativas (esporte, lazer offline).

  • Utilizam as telas de forma passiva, apenas consumindo conteúdo, sem produzir ou interagir de maneira criativa.

Ou seja, o impacto é fortemente mediado por contexto e estilo de vida.


Consequências práticas do uso excessivo de telas

No dia a dia, o impacto mais visível é a dificuldade em manter a concentração em tarefas escolares. Professores relatam aumento da inquietação, da impaciência e da dificuldade de leitura profunda em alunos que passam muitas horas nas redes.

Outro efeito é a redução do pensamento crítico: acostumados a consumir informações rápidas, adolescentes podem ter mais dificuldade em analisar argumentos complexos ou identificar fake news. O resultado é um enfraquecimento da capacidade de reflexão e da autonomia intelectual.


Uso excessivo de telas: estratégias práticas para pais e educadores

Embora os riscos sejam reais, existem estratégias eficazes para reduzir os impactos:

  1. Rotina digital equilibrada: estabelecer horários específicos para uso recreativo das telas.

  2. Zonas livres de tecnologia: por exemplo, durante refeições ou antes de dormir.

  3. Educação para atenção plena: incentivar práticas de foco e concentração, como leitura em silêncio ou mindfulness.

  4. Valorização de atividades offline: esporte, música, artes manuais e contato com a natureza ajudam a equilibrar estímulos.

  5. Envolvimento ativo dos pais: conversar sobre o que os filhos consomem, discutir conteúdos, transformar o digital em espaço de diálogo.

  6. Sono como prioridade: restringir telas à noite para evitar prejuízos na qualidade do descanso.

  7. Exemplo adulto: jovens se inspiram mais pelo que veem do que pelo que ouvem. Reduzir o uso excessivo de telas em casa é um ato educativo.

Essas medidas não eliminam completamente os riscos, mas reduzem consideravelmente os efeitos negativos, ajudando adolescentes a desenvolver uma relação mais saudável com o mundo digital.


Limites da ciência e caminhos futuros

A pesquisa sobre o impacto das redes sociais ainda está em andamento. Faltam estudos de longo prazo, especialmente em países como o Brasil, para entender com mais clareza como diferentes tipos de uso influenciam o cérebro e a cognição.

Também é necessário investigar quais intervenções são mais eficazes em ambientes escolares e familiares, e como equilibrar os potenciais riscos e benefícios das tecnologias digitais.


Conclusão

O fenômeno descrito como brain rot reflete uma preocupação legítima sobre os efeitos do uso excessivo de telas na atenção e no desenvolvimento cognitivo dos jovens. Embora a ciência ainda esteja desvendando as nuances desse processo, já sabemos que o padrão de consumo de conteúdos rápidos pode comprometer a capacidade de concentração e enfraquecer o pensamento crítico.

Ao mesmo tempo, é importante reconhecer que nem toda interação digital é nociva. Quando bem orientado, o uso de tecnologias pode ampliar oportunidades de aprendizagem e desenvolvimento. O grande desafio é encontrar o equilíbrio — oferecendo aos adolescentes tanto os benefícios do digital quanto experiências ricas no mundo offline.


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